MARCINHA MARTINS, PARABÉNS!

(Vitória/ES, abril de 2009)

Esta divertida amiga, cheia de sacadas geniais e de comentários bem-humorados (logicamente agregados ao lexotan, como ela diz brincando) é minha amiga, parceira e está caminhando junto comigo na divulgação e propagação da poesia, da boa poesia.
Hoje comemora seu aniversário e não há como agradecer tanto empenho e dedicação, por isso o espaço (quisera que fosse maior) é seu amiga. Minha admiração, minha amizade e meu respeito pela tua luta, neste belo caminho com tua linda filha, pelo teu trabalho e por ter escolhido buscar teus espaços como escritora e poeta na Poemas. Parabéns!

Intruso

Chegaste sem fazer alarde,
Sem anúncio e sem horário,
Sem nenhuma identidade,
Como uma cicatriz que arde.
Despojada de todos os medos,
Me entreguei aos teus apelos,
Me entreguei aos teus segredos,
Como uma prostituta sem zelos.
Viramos noites intensas de sexo,
Cenas exóticas de casais felizes,
Momentos de paixão e sem nexo,
Como dois amantes sem raízes.
Bebeste da minha aguardente,
Sem motivo e sem comemoração,
Sem pudor e sem ser prudente,
Como um qualquer sem razão.
Não deveria estranhar a ausência,
Sem bilhete e sem nenhuma explicação,
Sem um beijo ou gesto de decência,
Naquela manhã chuvosa e sem tesão.

Márcia Fernanda Peçanha Martins

publicado no 1º E-book da Poemas em 2007

Vitória/ES, abril de 2009

Mulher só

Passeio pela minha cidade
afobada, acelerada, assustada
e com pressa de felicidade.
Na tarde quente do verão
calada, combalida, cansada
e com cheiro de tesão.
O suor percorre as entranhas
e sinto seu líquido se misturar
nos membros e nas manhas.
O corpo transpira a estação
sensual, sexual, animal
que se contorce de paixão.
Disfarço e escondo os sentimentos
não quero mostrar-me indefesa
nem aceito ser tratada como presa.
Fêmea fácil não cala os lamentos.
Às vezes se oferece tão sedutora.
Se enfeita e se mostra perturbadora.
Fêmea difícil engole os tormentos.
Às vezes se fecha tão chaveada.
Se tranca e se mostra acanhada.
No final do dia, é uma mulher só.
Sem parceiro. Sem medo. Sem dó.
E tem os nervos à flor da pele.

Márcia Fernanda Peçanha Martins,

publicado no 2º E-book da Poemas em 2008

(mostrando a tatuagem, Vitória/ES, abr de 2009)

Cenas à flor da pele

O teu cheiro impregnado
no lençol, no roupeiro, na toalha
é uma armadilha.
Ainda vives ao meu lado
no aparelho de barbear, na malha
sob o corpo da filha.
Pulo as páginas do diário
mas teu nome não some, é marca
no sonho, no pesadelo.
Desinfeto e limpo o armário
e o cheiro da tua roupa encharca
e abafa meu desmazelo.
Estranho como tu me dói,
sem hora, sem jeito,
feito cicatriz que corrói
e agora não tem respeito.
Que pena. Continuo plena
de tua presença.
Minha sentença.
Que cena. Ainda me condena
pela emoção
à flor da pele.
Que obsceno. Me desordeno
pela paixão
que me impele.

Márcia Fernmanda Peçanha Martins
publicado no 3º E-book "Arrebatamentos" da Poemas em 2009

Ela é amada por todos que a conhecem e é destaque sempre na Poemas à Flor da Pele, pelo competente trabalho que realiza, tanto na revisão de textos ou na condução dos tópicos da comunidade. Coordena comigo os eventos e participa ativamente de festivais de criação e dos concursos, onde está sempre entre os melhores.

Márcia Fernanda Peçanha Martins, nasceu em Porto Alegre (RS), solteira, geminiana, do dia 9 de junho, e tem uma paixão pela sua filha Gabriela, que é uma de suas fãs e grande incentivadora. Usa o pseudônimo literário "Marcinha", como os colegas de profissão sempre a chamaram.

É jornalista, trabalha como repórter do Correio do Povo, onde está licenciada de suas funções, já cursou Ciências Sociais na UFRGS, mas não concluiu, e fez o curso de extensão “Desvendando o marketing para jornalistas” na ESPM/RS. É diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado e colunista do site www.coletiva.net, onde tem um espaço semanal.

O contato com as letras começou na juventude, ao vencer um concurso estadual sobre o menor abandonado. Passou um tempo sem escrever, e após a perda de seu irmão Dedé, Dédi ou Luli,em 2003, voltou a escrever.

Está na 1ª antologia da Poemas à Flor da Pele, lançada em 9 de outubro de 2008, em Bento Gonçalves/RS, tem poesias publicadas nos três E-Books e foi colocada em 2º lugar no concurso “Primavera” desta comunidade.

(Vitória/ES, Assembléia Legislativa, abril de 2009)

Mal necessário (*)

Às vezes, tenho fome
De comida, de carinho
De solidão, de caminho
Meu trajeto é solitário
E não ouço meu nome
Se num ato involuntário
Busco novas alternativas
Para encher meu armário
Aborto o plano embrionário
Retorno sem comitivas
Não compreensiva, à deriva
Torno-me meu adversário
Uma mulher tão figurativa
Que se esquivou vingativa
E com o olhar incendiário
Interrompeu o itinerário
Sempre atrás na defensiva
Compulsiva e concessiva
Nada festiva e contemplativa
Virei um mal necessário
sem data de aniversário
nem marca no calendário
Prossigo com muita fome
Do lado certo ou contrário
Grito com a voz passiva
Sem uma forma conclusiva
Sou a falta de vocabulário,
O dia nada extraordinário
O triste fim do salário
Sou a vida conformativa
Sem história consecutiva
ou a sentença conjuntiva

(*)Márcia fernanda peçanha martins

(Beco das Garrafas, março de 2007)

Participa de eventos de poesias e escreve, ainda, nos blogs tecendoartenarede.blogspot.com e
marcinhaprodigio@blogspot.com.