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sábado, 13 de dezembro de 2008

PAPEL DA POESIA NO MUNDO


“VÃO-SE OS PODEROSOS, FICA A FRAGILIDADE DA POESIA”

Carlos Drummond de Andrade


É sobre isso que quero falar hoje. Sobre o papel da poesia no mundo, desde a Antiguidade greco-romana, quando Sóflocles, mesmo tendo participado ativamente da vida política de sua pátria, não ficou adstrito a esse labor e compôs, aproximadamente, 123 peças teatrais, foi vitorioso em 24 concursos trágicos, feito notável, nunca igualado na história literária de Atenas.
Dessa vasta produção, permanecem até nossos dias sete tragédias completas (Antígona, Aias, Édipo Rei, Traquínias, Electra, Filoctetes e Édipo em Colono). O poeta viveu de 496 a.C. até 406 a.C. e estamos a falar dele aqui, até hoje. Sua obra é referência para todos os amantes da Cultura, em geral, mas principalmente da Literatura.
Não importa, pois, o período em que o homem realiza o seu percurso sobre a terra, o estilo de época registrado em seus escritos, os movimentos, as tendências, as vanguardas que vão compondo esse imenso painel artístico com qual nos deparamos e nos deleitamos. O que conta, afinal, é a sutileza do olhar atento do poeta capaz de captar, de forma única e diferenciada, os mínimos detalhes da vida cotidiana e as nuances mais íntimas da natureza humana.
A poesia registra, tempo afora, aquilo que a História camuflou e que o homem comum, na sua ânsia de perseguir a caravana, não teve tempo de assimilar nem de usufruir. A luta pelo poder (força) é inversamente proporcional à tessitura artesanal da poesia (fragilidade), mas seja lá qual a razão, sua força está exatamente nesse fio condutor indelével que, como uma tênue folha de capim, resiste melhor às tempestades que um grande Jequitibá.
Mesmo que a tecnologia traga novos recursos e a literatura moderna nos apresente uma outra poesia: visual, com linguagem poética de talhe seco e melodia diferenciada, o que conta mesmo é que o fazer poético resiste ao tempo, porque é por essa lente que as mazelas e o sentimento da humanidade se revelam. Enquanto houver, no homem, aquele veio de sensibilidade voltado para o mundo exterior (e também interior) e ele se emocionar ao ouvir uma música, enquanto existir a percepção de um ninho de João-de-barro no galho da árvore e a indignação diante do que os poderosos poderiam fazer e não fazem, eu concordo com o nosso poeta maior: a poesia viverá para contar a História.

Basilina Pereira é professora, advogada, poeta, moderadora e representante da Poemas à Flor da Pele em Brasília.

4 comentários:

  1. Soninha, é com prazer que participo deste jornal, esperando sempre que minha singela colaboração possa contribuir para o fomento da cultura em nosso país e, principalnmente, para sedimentar o culto à poesia, essa magia que resiste ao tempo e se perpetua através dele. Obrigada pela oportunidade e pelo carinho

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  3. Graça e paz!

    Basilina, tenho afirmado em diversas ocasiões ser a poesia a voz da alma. Destarte, a poesia tem que ser lida, em última análise, pela dimensão espiritual do nosso ser. Não bastando a leitura natural da mesma. Claro que não!

    Indubitavelmente, a poesia é tal quais as tartarugas. Sim, porque essas em passsos silentes caminham. No entanto, quando menos se espera estão muito distantes da origem.

    Para compreendermos o papel, através dos tempos. que a poesia desempenha nos mais variados meios de comunicação; seria de bom alvitre separá-la em dois tipos de análise: natural e espiritual.

    A análise natural se refere a dimensão linear de nossa vida carnal, nos suas mais diversificadas atmosferas.

    Agora, a análise espiritual se refere a dimensão sobrenatural. Assim sendo, isso requer o conhecimento do nosso próprio interior.

    Poder-se-ia dizer que o coração é o elo que liga o homem interior (o homem espiritual) ao homem carnal (nosso corpo carnal). Destarte, as duas análises devam ser exercidas simultaneamente.

    Conclui-se, portanto, que elas são interdependentes. Não obstante, a tendência da análise ser influenciada pela dimensão linear; não podemos nos deixar dominar por esta dimensão.

    Quero parabenizá-la pelo excelêcia do artigo, onde a sua ótica poética é da mais profunda importância para a cultura em nosso País.

    Deus seja louvado!

    José Bonifácio - 14 Dez 2008

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  4. Basilina,achei fantástico o seu artigo;mostrando a importância das obras literárias no cotidiano.
    E a sua influência na vida cultural do povo e do país.
    Quero parabenizá-la pela pela profunda capacidade de análise e visão poética.
    Pois muito contribui para que a magia dos escrito poéticos continue a nos encantar, e conquistar seu espaço através dos tempos.
    Obrigada!
    Deus a recompensará.
    Hortência Lopes

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