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domingo, 1 de março de 2009

Elas que sonhavam com príncipe encantado...

imagem http://caminharaprendendo.blogspot.com/

Pelo dia Internacional da Mulher: 8 de março.

O assunto não é novo, mas acho que continua merecendo reflexões e esclarecimentos, porque apesar de muito discutido, ainda gera diferentes leituras.
Outro dia estava eu conversando com um amigo,quando ouvi deste , à queima roupa, uma frase antiga e muito conhecida nossa: “os homens gostam que a mulher seja uma lady durante o dia e uma puta na cama.”
De pronto, fiquei indignada. Não por ser puritana ou uma mulher retrógrada que vive em tempo pretérito, mas porque senti naquela frase o quanto ainda somos desvalorizadas e desrespeitadas por uma fatia significativa dos homens. Sim, porque ao ser requisitada como uma meretriz cai por terra toda a conquista feminina das últimas décadas, a custa de muita luta e sacrifícios, o que começou com o direito de ser valorizada no trabalho, com condições mais dignas, passou pela possibilidade de votar e ser votada, pela equiparação em direitos civis e trabalhistas, gradualmente pela emancipação sexual e, por último, precisou que uma Lei Federal, a de nº 11.340/2006, apelidada de Lei Mara da Penha, viesse imprimir mais rigor na punição dos homens que maltratam mulheres. A mulher moderna, hoje, descobriu sua sexualidade e conquistou o direito de exercê-la em plenitude. Gosta de sexo, quer dar e receber prazer, ter orgasmos, sim, (até mais de um) mas, acima de tudo, quer ser respeitada em sua individualidade , em seu direito de escolha e não ser remetida a uma situação de submissão, porque é isso que ocorre, infelizmente, na prostituição: o homem paga por um serviço e quer recebê-lo de acordo com suas exigências , não levando em conta o sentimento da parceira, suas preferência e opções Foi então que pensei: será por isso que está cada vez mais difícil a compatibilidade nos relacionamentos? A matéria tem sido objeto de vários estudos: a revista Época do dia 2 de fevereiro ,pp, trouxe uma extensa matéria sobre o universo da sexualidade feminina, passando desde a interpretação de Freud, até o trabalho da moderna pesquisadora canadense Meredith Chivers que constata,em síntese, “a grande diferença entre o que estimula um homem e uma mulher”. Mas na minha visão de “simplesmente-mulher”, quero crer que buscamos a mesma coisa, mas por caminhos diferentes. E isso explica-se por nossa herança cultural: enquanto os homens de algumas décadas atrás eram conduzidos aos bordéis, a fim se prepararem para a sua vida adulta, as meninas da mesma época sonhavam com o príncipe encantado. A partir daí é bastante previsível o desfecho: nem os homens encontraram suas damas, tampouco as mulheres, os seus príncipes. Mas uma coisa é bastante clara: nós, mulheres, já descobrimos que os príncipes encantados ficaram em nossas histórias infantis e queremos um homem real, que nos ame e compartilhe do nosso prazer, mas que nos trate em igualdade de condições, com direito de ser parceiras, sem a pecha e o jugo.

Basilina Pereira
Representante da Poemas à Flor da Pele no DF

2 comentários:

  1. É Basilina, muito comum se ouvir isso, e não faz muito tempo, as moças eram criadas para ser esposas prendadas e o máximo que as famílias permitiam é que fossem professoras.
    Graças a Deus o mundo mudou, a mulher hoje está em pé de igualdade com os homens, insclusive no que tange á sexualidade.
    Parabéns por ter levantando este tema, vemos muito por aí ainda a síndrome de cinderela, a mulher apesar de madura ainda procurando seu príncipe... Acorda mulherada!

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  2. Basi querida
    Só vc mesmo prá fazer do limão uma limonada. Isto é, pegar um comentário, digamos, inoportuno, para discorrer sobre a nossa vida tão dividida e ainda tão desigual. Na ânsia em valorizar as nossas igualdades, misturamos, por vezes, e até apimentamos algumas diferenças. Nem todas sabem, ainda, que podem ter mais de um ORGASMO, os múltiplos (hehehe). Só prá não pegar pesado. Entendo que um pouco deste pensamento errôneo de alguns homens é alimentado pelas condutas certas e quadradas de mulheres que não se libertaram sexualmente. Porque, o fato de alguém dizer que "a mulher deve ser uma lady durante o dia e uma puta na cama", pode ser debitado ao imobilismo sexual das mulheres, que esperam por seus maridos, bravos heróis de Atenas. Como belas e comportadas damas que não se doam e nem provocam na cama. Mas o tema é demais interessante.

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