OPINIÃO: EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

Tenho pensado muito sobre a Educação, o seu papel no mundo e a responsabilidade de todos nós frente a esse assunto tão relevante e de fundamental importância para o desenvolvimento do país, nossa qualidade de vida e de nossos filhos. Sim, porque não se compara o nível de desenvolvimento dos países que priorizaram a Educação, e pessoas bem educadas exercitam a sua cidadania, fazem valer seus direitos, reclamam de condições adversas que podem ser melhoradas, criticam seus governantes quando demonstram atitudes impróprias a sua função representativa, praticam atos inadequados, cobram ações proativas e etc...
Ocorre que não estamos vendo melhora nenhuma na educação por aqui. Excetuando casos pontuais de sucesso, de um modo geral temos nos deparado com um ensino deficitário, e aí não se salvam nem as escolas particulares, que apesar de cobrarem mensalidades bem vultosas, estão em busca de objetivos equivocados, centrados na transmissão exagerada de conteúdos, com o fim imediato do sucesso no vestibular. A escola pública, por seu turno, tenta desenvolver um conteúdo crítico-social, mas enfrenta tamanha dificuldade (escolas ruins, falta de segurança, professores desestimulados por falta de valorização pessoal e profissional, material defasado e/ou inadequado e tantos outros), que as estatísticas só fazem confirmar o desempenho do Brasil, abaixo da média mundial.
Entramos na era da tecnologia e isso não representou nenhum ganho para o setor, porque paralelamente não foi desenvolvida uma política para compatibilizar os recursos tecnológicos com os recursos pedagógicos. A tecnologia trouxe uma nova forma de pensar e a relação professor aluno também precisa mudar. Nesse sentido, está faltando uma formação adequada aos professores para trabalharem com os novos recursos: não basta colocar um computador na escola e ensinar o aluno navegar na internet, localizar um assunto no Google, copiar e colar (e na maioria das vezes nem ler). É preciso repensar o modelo de ensino-aprendizagem, aprender a lidar com as novas propostas e desafios e a explorar a mudança de foco, reforçar a busca e a construção do conhecimento crítico, dando lhe um significado real, prático, aplicável à vivência do aluno, sua realidade e as novas demandas.
Apesar de todos os atrativos que o computador oferece, é imprescindível priorizar a leitura, a interpretação, a História, a evolução do conhecimento...estimular a crítica construtiva e preparar o aluno para um mundo em constante transformação.
È preciso analisar quais os recursos tecnológicos são adequados a cada conteúdo pedagógico e explorá-lo na medida em que venha acrescentar, contribuir com o produto elaborado pelo aluno, nunca substitui-lo. Apesar de todos os avanços, a escola continua desinteressante porque romperam-se os laços afetivos, aquele clima de admiração e respeito que o professor suscitava em seus alunos, que advinha de uma dedicação quase familiar, que perpetuava-se por longos anos. Quem, com mais de 50 anos, não se lembra daquele (a) professor(a) que foi por muito tempo o seu modelo de vivência?

Basilina Pereira é moderadora e representante da Comunidade Poemas à Flor da Pele em Brasília
http://poesiasbasilina.blogspot.com