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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

JOAQUIM MONCKS É UM ARRASO!

Ele está com a gente desde que a Poemas ensaiou seus primeiros passos.


Joaquim Moncks em ação



A amizade nasceu dentro das atividades da Casa do Poeta Rio-Grandense, em 2006, em muitas terças-feiras dos Cafezinhos Poéticos, no Bar Se acaso Você Chegasse, em Porto Alegre e se estendeu por todos os eventos da Poemas à Flor da Pele, onde por ser Mestre da Oralidade, destaca-se com seu brilhantismo e sua verve poética.
De espírito forte e prosa fácil, foi o protagonista de muitos bate-papos acalorados sobre poesia, defensor que é da boa palavra, ao provocar e instigar afirmando, com conhecimento de causa, que a maioria dos autores da atualidade se utilizam das inspirações como um "confessionário íntimo". Era conversa para madrugada inteira, regada a um bom churrasco, na Churrascaria Garcia, onde íamos após os cafezinhos da CAPORI. Passados quase quatro anos, soletrando e desvendando palavras em minhas criações, relembro desse amigo e agradeço as orientações para não banalizar a Poesia.
A olheira de plantão não deixou passar e foi buscar informações e os poemas deste grande poeta da atualidade.


Em sua biografia vemos a formação das suas qualidades entre a disciplina e a justiça. Atuou como Oficial PM, hoje na reserva, é advogado, e graduou-se professor de Criminologia, Ciência e Direito Penitenciário, Direito Processual Penal Militar e Segurança Empresarial.

Mas em sua essência ferve a indisciplina do ser que voa e cria como Poeta e Declamador.
É um Ativista Cultural, dos bons, desde 2003 atua como Coordenador Executivo da Casa do Poeta Brasileiro, a POEBRAS, criada pelas mãos de seu amigo Nélson Fachinelli, o
Operário das Letras, do Rio Grande do Sul. Atua como Agente Literário, Conferencista, Ensaísta e Analista literário, atividades que realiza em seus dia-a-dia e, muitas vezes, como Jurado de festivais nativistas e eventos de poesia e música popular.

Nasceu em Pelotas, em 29 de setembro de 1946. Tem a cidade de Canguçu como sua segunda terra, porque lá iniciou sua carreira como oficial de PM, aos 23 anos, em 1969.


Exerceu cargos importantes em sua trajetória como Deputado constituinte à Assembléia Legislativa do Estado, em 1989, onde presidiu a Comissão Temática de Educação, Cultura, Desporto, Ciência, Tecnologia e Turismo, de onde contribuiu para:

- criar a carta constitucional do Rio Grande do Sul, além de apresentar porojetos importants para os gaúchos, que tornaram-se leis: o das PILCHAS GAÚCHAS, que oficializou a indumentária tradicional do homem e da mulher gaúcha, em respeito à ancestralidade e à tradição agro-pastoril do RS, como traje preferencial e de honra no território do Estado (1989);
- promover o dia 20 de novembro, dia da morte de Zumbi, o líder negro dos Palmares, como o DIA ESTADUAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA, em homenagem à negritude rio-grandense, voz única que se fez ouvir ao pedir desculpas pela escravidão imposta aos negros;
- e instituir o dia 04 de Dezembro como o DIA DO ARTISTA REGIONALISTA E DO POETA REPENTISTA GAÚCHO (1989).

De 1973 até agora lançou os livros:
ENSAIO LIVRE (plaqueta), 1973;
FORÇA CENTRÍFUGA, 1979; ITINERÁRIO (?), 1983;
O EU APRISIONADO, 1986;
O SÓTÃO DO MISTÉRIO, 1992;
O POÇO DAS ALMAS, 2000;
OVO DE COLOMBO, 2005;
CONFESSIONÁRIO – Diálogos entre Prosa e Poesia, lançado na 54ª Feira do Livro de Porto Alegre, em novembro de 2008, contém cartas, mensagens e prosa poética publicadas no Recanto das Letras. Ao pé de cada texto do livro aparece o link para acesso ao RL.

Está trabalhando dois livros: o de poemas regionalistas DE QUANDO O CORAÇÃO ABRE A CORDEONA, iniciado em 1978, quando tinha intensa participação nos movimentos tradicionalista e nativista do RS. Nessa época, 1982/87, integrou o Conselho de Cultura do Movimento Tradicionalista Gaúcho - MTG, órgão informal de política cultural com forte atuação.
E, desde 2004, o livro BULA DE REMÉDIO de poesia universalista, previsto para 2009.

Tem mais de 150 mil leituras no Recanto das Letras, espaço virtual que o estimula a publicar suas criações, por "onde perpassam o fogo poético e a tentativa estética da contemporaneidade formal". E neste espaço, por seu amor à Poesia, dedica
desde junho de 2005, mais três horas do seu dia, instigando poetas através da análise crítica tudo para que o autor chegue à síntese e à autocrítica, objetivando a melhoria de seu texto. Não atua como um professor de Letras e sim como alguém veterano na arte da escrever.
Realiza oficinas literárias em Salvador/BA, Campo Grande/MS, e no RS. http://recantodasletras.uol.com.br/autores/moncks




O FLERTE INACABADO
Joaquim Moncks

Nos jogos do amar, as conversas subjacentes e incidentais sempre têm uma marcante melancolia, não é mesmo?

Ainda que a alegria do encontro e das descobertas seja ótima, quase bobices da euforia, a inquietação do novo e o temor da perda sempre carregam no bojo de tudo a insegurança do dia seguinte.

Apesar do perfume da flor inalado pelo olfato, na boca há um inquieto agridoce. O coração amoroso quase sempre sangra. E os mecanismos do desejo escrevem o poema com os espinhos.

É este o flerte entre seiva e flor.


– Do livro O HÁLITO DAS PALAVRAS, 2008/2009.


FLOR DA AUSÊNCIA

Joaquim Moncks


Amarga
essa flor

que se chama amor.

Amarga
essa doçura
a flor da ausência.

Amarga
essa tristeza
que se chama despedida.


Amarga
essa flor do ventre
cujo nome é desejo.


É amarga a boca
que tem o sal da lágrima.

E nesse agridoce

permanece o jogo trágico

das palavras, Amada.

No chão em que piso
baila uma bailarina
cujo nome é solidão.


– Do livro OVO DE COLOMBO. Porto Alegre: Alcance, 2005, p. 84.

Lume

Joaquim Moncks

Colho palavras

como quem arruma as malas.

E o mundo dos afetos

é um algodão doce.


Uma lâmpada pisca

na ponta do cigarro.


Será o pirilampo

um pijama luminoso

para quem ama?



CHEGADAS E PARTIDAS

Joaquim Moncks


Na emigração de silêncios e luzes para a casinha do Passo de Torres, em Pasárgada o mar me salgou a memória, ao compasso de areias e ventos.
Talvez por isto a palavra diária seja sempre de ondas e maresia. E salive ao sabor de lágrimas a carne macia dos peixes, no céu palatino de chegadas e partidas.

– Do livro BULA DE REMÉDIO, 2005/2009.


AMOR EM TEMPO E ESPAÇO
Joaquim Moncks

O milagre da virtualidade nos ensina a conviver à distância física. Aquele que cuida da plantinha Amizade, se torna tão ou mais importante que os amargos trastes não virtuais do mundo da realidade. Somos do legado afetivo. O mistério do outro nos faz falta e nos ensina o fetiche da convivência. O abraço é largo e o beijo derrama-se na lágrima.
Mudou algo?

– Do livro O HÁLITO DAS PALAVRAS, 2008/2009.

A ORAÇÃO FALA DE DENTRO
Joaquim Moncks

Há dias em que o tempo conspira. Há momentos em que a solidão exige o contato com os céus. Noutros instantes, o etéreo é pequeno para a angústia de estar vivo. Dentro de nós somente o deus que somos.
A oração fala de dentro, soturno lampejo da mínima condição humana. Assim se dá a divindade de nos sabermos pequenos. Nada é tão esplendidamente compensador. E tantos nada sabem disso...

– Do livro O HÁLITO DAS PALAVRAS, 2008/2009.



O SUICIDA

Joaquim Moncks


Os loucos surtam

soltos

de suas camisas de força.

Somente o vinho, túrgido de aromas,

desce sem detença.

Tudo é irreversível na loucura.


Há um fio de fel

no eixo das lembranças.

A solidão chega: é o pássaro

que se estatela no vidro da janela.
Flores no jardim abaixo

confidenciam a incompetência no vôo.

Uma rosa vermelha

de pescoço longo

olha pra cima
e acompanha

o mergulho do suicida.

Na calçada o corpo geme

desnudo de esperanças.


O dia arruma a cabeleira do sol.

– Do livro BULA DE REMÉDIO, 2004/2009.



O AMOR FAGULHA O DESDÉM

Joaquim Moncks


Não me sussurrava o silêncio

há tanto tempo

que esquecera a sua voz.


Despido, o poema sem sono

vem à cuca.

É líquido o prisma dos olhos.

A solidão rutila esmeraldas e rubis.


Geme em silêncio

a desesperada voz dos aflitos.

O violão sola o canto de mágoas.

A emoção voeja no anjo

de asa quebrada.

E nos telhados,

feito um gato soturno,

o amor fagulha o desdém.

– Do livro BULA DE REMÉDIO, 2004/2009.


ARPEJOS SEM PERSPECTIVA

Joaquim Moncks


Minha fúria de mudar o mundo

tem por baixo um boneco desanimado.

Aos mais de sessenta,
sou um maiacovski sem forças.
Tentei o novo.
Surgiu-se-me o fantasma do Real.


Este mundo de bens de consumo

é a farsa do milênio terceiro.

Mais enricada do que nunca
a criatura humana empobreceu-se
de valores.
Bato à porta do futuro:

meus neurônios alertam
para o visto e o revisto.


Tinge-se de sangue a janela da esperança.

Mais que nunca
como apontou Charles Baudelaire

a trepada é o lirismo do povo.


A rigor, neste tempo de asperezas
pega-se o automóvel e se passa por cima

do mendigo da esquina.

O braço que estende a mão ao óbolo

duplica-se, triplica-se, multiplica-se.

A fome vai além do gesto.


– Do livro BULA DE REMÉDIO, 2004/2009.


Olheira de plantão!
Dicas de Sandra Antonioli,
e-mail sandra.antonioli@gmail.com

Um comentário:

  1. Recebi do amigo Joaquim Moncks o depoimento emocionado, belo demais!

    O DIA EM QUE O CÉU DISSE PALAVRA PELA BOCA DAS MULHERES
    (Sempre elas e suas imensas capacidades de entrega)

    Cambadinha da "Poemas à Flor da Pele"!

    Vocês querem me matar? Olha que eu não sou o Marco Araújo, que conseguiu vencer o senhor Aneurisma numa corrida não programada...
    Quando a tinhosa vir me pegar vai ser no coração, eu não tenho dúvida... E vocês, amada Soninha e Sandra, bagunceiras de plantão, certas de que a posteridade lhes fará justiça por competência e trabalho, pegam o poetinha dizendo versos, sorrindo e fazendo cara de desconfiado, só pra mostrar aos de casa e os de nem tanto, que a Poesia me escolheu? Quase morri ao me ver assim, desnudado e louvado. Vou dormir com a cara molhada, porém feliz!
    Deus nos guarde! E que tenha pena dos inconformados, os que acreditam que podem mudar o mundo. Nem sei mais o que dizer, o teclado bate sozinho num fôlego de gato, ou seria o meu ataque de asma do último inverno? Calma, Joaquim, que o Cristo se componha para a ceia dos inocentes.
    Bem, uma coisa é certa! Tenho amigos tão bondosos que a vida até me parece boa. Amo vocês, amigas queridas da Poemas. Não pelo gesto de confraternidade poética e amorosa (existe poesia sem amor?), mas não precisavam ir tão fundo...
    Bem, se até agora a máquina dos dias está batendo, que venha a próxima a próxima lua ou o sol banhado de cor, que estaremos cantando com o Lupicínio; " - Felicidade, foi-se embora e a saudade no meu peito, ainda mora...".
    Que venha quando vier a Tinhosa, porque estrarei sorrindo na última máscara. A vida, com vocês, assim dolorosas de Amor me bafeja de esperanças.
    Ainda tenho muito a aprender. Que o Senhor de Todos os Dias esteja conosco e que o coração de vocês não seja generoso somente comigo.
    Há tanta gente a ser louvada neste Ministério da Ansiedade que é bom falar baixo.
    Amemo-nos! Esta é a lição do Cristo Vivo, aquele que nos ensinou a beleza da Ressurreição. E que ainda é forasteiro no coração dos impuros!

    Beijos e abraços do poetinha, penhorado e agradecido.
    Joaquim Moncks.

    Um abraço pra vc e obrigada!

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