
Não sei como iniciar este texto sem ferir susceptibilidades ou arrefecer os ânimos de quem está começando a escrever agora, ou ainda, de quem pretende começar a fazê-lo. Asseguro que não é esse o meu intento. Pelo contrário, o propósito é incentivar a todos que pretendam enveredar por essa área e oferecer alguns subsídios para que possam proceder com êxito.
Como professora de português, função que exerci por vinte e cinco anos, sempre batalhei diariamente para que meus alunos aprimorassem o gosto pela leitura, atitude essencial a quem quer escrever sobre qualquer assunto e também se expressassem corretamente: com clareza, objetividade e sem aqueles erros crassos que nos fazem tremer nas bases e recusar-se a continuar lendo, ou melhor, presenciando o assassinato da língua mãe.
Essa introdução tem por escopo posicionar-me dentro do tópico que pretendo abordar hoje: os textos literários postados no ORKUT. Trata-se de um espaço democrático, valioso, que oportuniza a tanta gente a divulgação de seus trabalhos e, conseqüentemente, os torna conhecidos nacional e até internacionalmente. Mas, por isso mesmo, pelo alcance que o veículo possibilita e pelo número de leitores que atinge, necessário se faz um cuidado maior com elaboração desse material, quer sejam poemas, contos, crônicas ou quaisquer outros artigos literários.
Não é raro encontrar nas comunidades e até em concursos textos eivados de erros, notadamente sem revisão e nenhuma preocupação com a qualidade do que está sendo divulgado. A despreocupação, às vezes, é tanta que palavras são digitadas faltando letras, acentos a até grafadas incorretamente. Isso sem falar na inobservância à concordância e à regência. Muitos me dirão: mas o nosso idioma é muito difícil. Eu respondo: sim, mas é a língua que falamos desde que nascemos, praticamos diuturnamente e uma coisa é o uso coloquial que fazemos dela nas situações do dia-a-dia, outra muito diferente é a proposta literária, posta a público em condição de amplo alcance, como é o caso em análise. Não estou aqui falando de preciosismos, nem de linguagem erudita que remonte aos clássicos ou aproxime-se dos mitos literários dos quais nos orgulhamos tanto. Mas é preciso, pelo menos, uma proposta aceitável: com revisão, dentro do estilo que cada se propôs a desenvolver. Só para exemplificar: se alguém pretende enveredar-se pelo campo da poesia, é necessário um mínimo conhecimento do assunto: o que é uma estrofe, um verso livre, uma sílaba poética, uma licença poética (essa, inclusive, tem gerado grande confusão), que não é autorização para cometer erros, mas uma permissão para, em alguns casos, extrapolar o uso da norma culta da língua, utilizando-se de recursos como palavras ditas de baixo-calão (se o texto assim o exigir), linguagem caipira, figuras de linguagem como a hipérbole (exagero), supressão de algumas letras para resultar em perfeita contagem de sílabas (minh’alma ao ao invés de minha alma), etc.
Considerando que a matéria prima do poeta é a palavra, é lógico que existe a possibilidade de manipular esses vocábulos, alterar-lhes os significados, procurar-lhes outras feições e sentidos porque nisso consiste a arte, mas que fique bem claro: escrever não é obrigatório, é facultativo, mas revisar o texto antes de postar é absolutamente necessário e o primeiro crítico literário é o próprio autor. Ao terminar de escrever, qualquer um tem noção se produziu algo excelente, bom, aceitável ou ruim e aí...mãos à obra, os revisores existem para aprimorarem o que já está bom e dar “uma forcinha” , nas situações adversas.
Boa sorte a todos.
Basilina Pereira
Reresentante da Poemas em Brasília